Philippe! disse ela com uma voz que não tremia, pelo que se sentiu agradecida antes que entres nesta casa e como o Rei me deu todos os poderes acerca do teu destino, quero dizer-te...

O quê?

Quero dizer-te que és livre, inteiramente livre! Se quiseres regressar a Nancy, podes fazê-lo quando quiseres, sem me dar quaisquer explicações!

Se bem compreendo, não me queres oferecer hospitalidade nesta casa!

És louco? É claro que quero! É o que mais desejo!

Mas queres gozá-la sozinha, como, aliás, queres Selongey só para ti, assim como esta adorável amostra de homem! Expulsas-me, não é assim? É verdade que eu mereço e que tens todo o direito de recusar viver comigo.

O borgonhês pusera pé em terra e, confiando o petiz a Léonarde, oferecia a mão a Fiora para a ajudar a desmontar. Ela sentiu como que um deslumbramento. Ele olhava para ela como antigamente, com os seus olhos cor de avelã, com aquela ternura um pouco trocista de que ela gostava tanto e, sobretudo, sorria-lhe...

Eu nunca desejei outra coisa que não fosse viver contigo, Philippe!

Ele não lhe largou a mão e puxou-a para si:

Sabes que eu sou um homem impossível!

Sei, mas eu também não sou um modelo de paciência...

Há muito tempo que sei isso. Queres, mesmo assim, tentar viver juntos e formar um casal... até que a morte nos separe?

Como resposta, ela encostou-se a ele, ao mesmo tempo que os habitantes de la Rabaudière acorriam alegremente para lhes desejar as boas-vindas.

Até que a morte nos separe repetiu ela com fervor... Achas que conseguiremos lá chegar?

Acabo de to dizer: podemos sempre tentar...

E, apertados um contra o outro, entraram na casa perfumada pelo odor das rosas recentemente colhidas e dos bolos que Péronnelle acabava de tirar do forno.

Mas nunca foi possível saber o que acontecera a Khatoun...

Saint-Mandé, Setembro de 1989.